quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A beleza dos casamentos

Stephen Kanitz


"O casamento é um momento de consagração
de duas pessoas, de promessas que deverão
ser lembradas e guardadas todo dia e para
sempre, não arquivadas numa fita magnética
na última gaveta do armário menos acessível"



Maio, mês das noivas, é uma excelente oportunidade para falar de casamento. Antigamente, eram cerimônias simples, um singelo casal no altar, um coral, música clássica de fundo, uma bela igreja iluminada à luz de velas, tudo muito romântico.

Infelizmente esse romantismo foi lentamente sendo destruído, pelo menos nos casamentos mais grã-finos, com a introdução das equipes de filmagem. Oito profissionais, entre assistentes e iluminadores, ficam bem na frente da platéia, e ninguém vê mais nada da cerimônia. Para impedir que conversemos, de vez em quando dirigem uma luz de 12.000 lumens de intensidade diretamente nos nossos olhos, de tal sorte que nossa retina precisa de doze minutos para voltar ao normal.

O intenso foco de luz distorce a beleza natural da igreja, acaba de vez com a penumbra do mistério e do sagrado. Malvestidas, mal-humoradas, totalmente ausentes da cerimônia, muitas equipes nos fazem até sentir que estamos todos lá para atrapalhar seu trabalho.

Por que destruir a beleza de um casamento simplesmente para poder registrá-lo é uma questão filosófica intrigante. Será uma forma de controlar os convidados?

.Quem convidou o Araújo? Ele não estava na minha lista.

.Aquele não é o Pereira? Nem mandou presente de casamento, bandido.

.Olha o Frederico limpando o nariz com a camisa.

A fita do casamento será vista no máximo duas vezes na vida por dez familiares. Em compensação, 300 convidados terão somente a visão das costas da equipe de filmagem. A fita talvez seja vista novamente no vigésimo aniversário de casamento, isso se ele durar até lá. Caso contrário, o maldito filme irá para o lixo no dia seguinte ao desquite.

Com todo o respeito ao Sindicato dos Filmadores de Casamentos, vou propor que se considere realizar casamentos sem filmagens, em que o momento é vivido pelo momento, não pelo seu registro para o futuro. Ou no máximo um filmador bem-vestido, postado no fundo da igreja com as lentes de aproximação apropriadas.

Minha esposa e eu casamos na Igreja Anglicana, uma religião que é um misto de catolicismo e protestantismo. Dizem que nossa origem adveio da vontade de Henrique VIII de se casar novamente, mas ela começou muito antes. Filho de imigrantes ingleses, herdei um nome e uma religião incomuns.

O bispo que celebrou nosso casamento impôs uma proibição que na época achei estranha: nada de fotógrafos nem de gente andando para lá e para cá no altar, tropeçando nos fios. "Podem fotografar a chegada e a saída, mas durante a cerimônia não quero distrações."

O casamento é um momento de consagração de duas pessoas, de promessas que deverão ser lembradas e guardadas todo dia e para sempre, não arquivadas numa fita magnética na última gaveta do armário menos acessível.

O altar não é o lugar para ficar posando para fotógrafos, mas para refletir no que cada um está prometendo ao outro. A lembrança desse momento mágico deverá ficar firmemente registrada, mas em nossa mente e coração.

Nossos convidados que assistiram à cerimônia a acharam muito diferente, sem saber exatamente por quê. Até hoje comentam como ela foi singela, bonita e espiritual. Estávamos todos concentrados no presente pelo presente, não estragando tudo em um registro para o futuro.

Por alguma razão queremos ser proprietários de nossos melhores momentos, para poder ingenuamente "guardar" e "mostrar" a todos que não compareceram ou que não foram convidados. Agradeço hoje a imposição do nosso bispo, que celebrou uma cerimônia pelo que ela representava, sem que se tomasse posse do evento para sempre, a não ser pela nossa memória, pelas nossas recordações.

Stephen Kanitz é administrador
(www.kanitz.com.br)

(Publicado originalmente em Veja de 09 de maio de 2001)


terça-feira, 13 de janeiro de 2009

A grande imprensa faz assessoria para o Hamas


Bruno Pontes

Além de lançar foguetes (mais de 6.000) contra a população das cidades ao sul de Israel desde 2001, contando com a prestativa indiferença dos pacifistas que se ergueram da noite para o dia contra a reação israelense, os filantropos do Hamas, essas criaturas adoráveis empenhadas em matar todos os judeus sobre a face da Terra, podem contar também com a assessoria que a grande imprensa internacional está oferecendo de graça.

O exemplo mais emblemático desse serviço de relações públicas é o caso da escola da ONU que teria sido explodida por soldados israelenses. Quase todos os jornais do mundo deram variações sobre a mesma manchete: Israel ataca escola e massacra civis. O episódio foi usado para demonizar os israelenses. Mas há uma informação que não aparece nos despachos das agências: as coisas não aconteceram exatamente assim.

Testemunhas contaram ao Jerusalem Post (ver aqui) que homens do Hamas entraram na escola, onde civis buscavam refúgio, para atirar bombas em soldados israelenses estacionados na vizinhança. Os soldados revidaram. E então o fogo cruzado atingiu as bombas armazenadas no interior do prédio (uma escola sendo usada como depósito de armas – cortesia do Hamas), que explodiram e mataram dezenas de pessoas que lá estavam. Esta também foi a versão apresentada pelas Forças de Defesa Israelenses.

O Hamas já havia usado uma escola de Gaza para lançar foguetes contra Israel. A ação foi filmada pela Força Aérea Israelense (veja o vídeo aqui). É isso que o Hamas faz: se posiciona deliberadamente em meio à população civil, em porões de apartamentos, hospitais, mesquitas, para causar o maior número de mortes possível. Eles não hesitam em fazer mal ao seu próprio povo em favor da propaganda.

Ver crianças mortas em zona de guerra é de cortar o coração. Por isso mesmo a questão deve ser tratada com seriedade. É preciso observar a responsabilidade de cada lado. Enquanto Israel protege seus cidadãos construindo abrigos, mantendo-os longe dos foguetes, o Hamas se enfia de propósito em áreas habitacionais para que sua propaganda seja encharcada de sangue. Enquanto as tropas israelenses evitam ao máximo atingir inocentes, dando avisos aos moradores de Gaza para que evacuem os alvos, os nobres combatentes do Hamas aproveitam esse escrúpulo para encher os telhados de mulheres e crianças.

O caso da escola da ONU será estampado insistentemente por órgãos interessados em fazer o jogo do Hamas (notadamente a BBC, como os israelenses e leitores mais atentos estão cansados de saber). Quando ouvir a notícia, lembre-se disso: os terroristas do Hamas resolveram usar aquele local precisamente por saber que civis mortos dão boa publicidade. A culpa é deles. Primeiro agridem Israel por oito anos. Depois correm e se escondem atrás de mulheres e crianças.

Fonte: Bruno Pontes

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Aos poucos, aparecem os métodos e tramóias do Hamas


Do New York Times, na Folha:


A batalha urbana na densamente povoada faixa de Gaza envolve novas táticas, adaptação rápida e truques letais.
O Hamas, com treinamento do Irã e do Hizbollah, usou os dois últimos anos para fazer de Gaza um labirinto mortífero de túneis, armadilhas explosivas e sofisticadas bombas de controle remoto. Há armas escondidas em mesquitas, escolas e em residências civis, e a sala de guerra da liderança do movimento fica em uma casamata sob o maior hospital de Gaza, dizem agentes dos serviços de inteligência de Israel.
Os militantes do Hamas estão combatendo em trajes civis; até mesmo os policiais foram instruídos a deixar de lado seus uniformes. Os militantes emergem dos túneis e disparam armas automáticas ou mísseis antitanques e depois voltam a procurar proteção sob a terra.
O Exército israelense também veio preparado. Todos os soldados estão equipados com coletes blindados e capacetes de material cerâmico. As unidades dispõem de cachorros treinados para farejar explosivos e pessoas em túneis.
Para evitar as armadilhas explosivas, eles entram nos edifícios derrubando paredes laterais. Dentro, se movem de sala em sala, abrindo buracos nas paredes internas a fim de evitar exposição a atiradores.
Os israelenses estão usando novas armas, como uma bomba inteligente de pequeno diâmetro, a GBU-39. Ela conta com uma pequena carga explosiva, para minimizar os danos colaterais em áreas urbanas. Mas é capaz de penetrar no solo e atingir casamatas ou túneis.
Funcionários dos serviços de inteligência israelenses estão ligando para moradores de Gaza e, falando árabe, fingem ser simpáticos à causa palestina. Depois de expressar horror diante da guerra, os agentes perguntam se a família apoia o Hamas e se há combatentes do movimento nas cercanias.
Uma nova arma foi desenvolvida para combater a tática do Hamas de pedir que civis fiquem no telhado dos edifícios a fim de evitar bombardeios. Os israelenses rebatem essa tática com um míssil cuja paradoxal função é não explodir. Os mísseis são apontados para áreas desocupadas dos telhados, para assustar os moradores e levá-los a deixar os edifícios.
Os civis são alertados a abandonar as áreas de batalha. Mas as tropas estão instruídas a cuidar primeiro de sua proteção e depois da segurança dos civis.
Como disse o líder da Yahalom, unidade de engenharia de combate de elite do Exército, à imprensa israelense na quarta: "Agimos com muita violência. Não hesitamos em recorrer a qualquer método que proteja a vida dos nossos soldados".
Por Reinaldo Azevedo